Elza Soares, Deus-há-de-ser-fêmea
- Marina Pereira
- 27 de jun. de 2018
- 2 min de leitura
Se hoje o assunto na moda é agregar certo grau de subversão a itens luxuosos, ninguém melhor que Elza Soares para dar-nos exemplo. Ela que é uma mulher reconhecida mundialmente pela sua arte, nos ensina sobre subverter a regra declarada às camadas da população assoladas pelas violências e opressões oriundas da dinâmica social, política e econômica vigente.

Elza da Conceição Soares nasceu no Rio de Janeiro no dia 23 de junho de 1937, é dona de uma voz marcante por sua potência e rouquidão. Vivenciou fortes acontecimentos em várias esferas de sua vida, sobreviveu a todos eles, e, através de sua música faz ecoar pelo mundo dizeres de luta e resistência contra as violências e opressões que ela própria viveu, na pele.
Violências e opressões relativas à sua condição de mulher, negra, pobre. Nasceu na favela de Moça Bonita, hoje conhecida como Vila Vintém, e já aos 12 anos foi forçada a se casar. Aos 13 era mãe e nesta época se apresentou pela primeira vez no programa de calouros da Rádio Tupi. Se apresentou escondida de todos, na tentativa de conseguir dinheiro para salvar seu filho que estava doente.
Mesmo diante de seu esforço o filho não resistiu, e aos 21 anos ela tinha dois filhos e um marido falecidos. Elza vivenciou momentos tensos pois tinha cinco crianças para criar e sem trabalho. Diante do desespero, ao ficar viúva, pôde se aventurar no meio artístico.
Em 2000 a BBC de Londres elegeu Elza Soares como a cantora do milênio! No entanto, mesmo na mira de grandes holofotes, o machismo não a deixou de lado: carregava o rótulo de “amante de Garrincha” e de “mulher que fez muitas plásticas”.
Foi em 2015 que ela expôs sua dor de ter sido vítima de violência doméstica, através da música “Maria da Vila Matilde” do álbum "A mulher do fim do mundo". Elza ficou casada com Garrincha por mais de 15 anos. Afastado do campo ele era extremamente violento.
Ela encarou as mazelas pertencentes ao modelo de sociedade vigente: a fome, a pobreza, o casamento da infância, o ódio das pessoas a violência doméstica, e, hoje em entrevista para a revista Vogue Brasil em sua edição do mês de junho, diz:
Não vivo voltada para o passado. Mas não posso esquecê-lo. Ele que me fez ser quem eu sou” [...] "Minha função neste momento é a de fazer o mundo melhorar. Tenho a obrigação de fazer isso", diz, incluindo nisso as questões femininas. “A luta da mulher é incessante. Tem o machismo, o assédio, o racismo. Dói ainda ver, em 2018, o negro sendo xingado, marginalizado, sem ter o direito de ser gente.”

As informações expostas no texto acima foram retiradas do site da Abril editora disponível no link:[https://mdemulher.abril.com.br/famosos-e-tv/elza-soares-voce-precisa-conhecer-a-historia-dessa-guerreira/]
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